O Observatório Feminino dá continuidade a série Adoção: quando o afeto pede espaço com a entrevista de Élio Braz, Juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude do Recife.
Os avanços do âmbito jurídico e a interdisciplinaridade das ciências sociais no processo de adoção são alguns dos assuntos em pauta. Não só para os pretendentes à adoção, uma boa oportunidade para se atualizar sobre o tema, confira a entrevista clicando no link abaixo.
Entrevista com juiz Elio Braz
Boa leitura!
domingo, 21 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
GRUPO
DE ESTUDOS ABERTO A PROFISSIONAIS
PROGRAMAÇÃO 2012
22/10 “Visão
Psicossocial e Jurídica da Adoção
10:00 às - o Papel de uma
ONG -
12:00 h
19/11 “Adoção
Tardia: da Família Biológica para a Família Adotiva
10:00 às - Das memórias e dos desejos de Ser Filho -
Objetivos do Grupo de Estudos:
· Compartilhar conhecimento desenvolvido em 12 anos de trabalho do
GEAAGO na promoção e defesa do direito de crianças e adolescentes à convivência
familiar e comunitária.
· Qualificar profissionais
interessados em compor a equipe de voluntários do GEAAGO para 2013.
Público alvo: psicólogos, assistentes sociais,
pedagogos, advogados, conselheiros tutelares e de direitos, e demais
profissionais interessados.
Investimento: doação ao GEAAGO, do valor mínimo de R$10,00 (dez
reais) por
encontro.
Local: Clínica CIPPE
Rua 89 Nº515, Setor Sul, Goiânia/GO
Informações: email: adocao@cultura.com.br
Telef: 8117 1461 (Vera)
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
TEMA: DIREITO À
CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO REALIZADA EM: 26 DE NOVEMBRO DE 2012
SOBRE A
INSTITUCIONALIZAÇÃO
“A cultura da institucionalização de
crianças e adolescentes das classes populares remonta do início da colonização
brasileira. Assim a despeito de diversos estudos terem demonstrado as graves
conseqüências da institucionalização prolongada para o desenvolvimento
psicológico, afetivo e cognitivo de crianças e adolescentes, ainda está
profundamente enraizada em nosso país, a idéia de que a institucionalização de
longo prazo protegeria essas crianças das más influências do seu meio, além de
proteger a sociedade de sua presença incômoda. Por outro lado, a
institucionalização tem constituído uma alternativa às famílias pobres, que
vêem nas instituições a chance de que seus filhos se alimentem, estejam seguros
e tenham acesso à educação.
Esse
modelo tradicional de atendimento, aceito socialmente como “solução para o
problema das crianças e dos adolescentes pobres”, persistiu por mais de um
século e caracteriza-se por:
- não respeitar a individualidade nem a história do
usuário;
- não estar inserido na comunidade, nem preservar laços
familiares e comunitários;
- revitimizar, ao invés de reparar;
- “violar direitos ao invés de proteger.”
Trecho da palestra:
“Comissão Intersetorial para promoção, defesa e garantia do direito de crianças
e adolescentes à convivência familiar e comunitária”
Ana Lígia Gomes (I
Reunião Temática do Fórum Nacional de Saúde Mental Infanto-Juvenil/ 2004)
““... Crianças não deveriam ser institucionalizadas por
serem pobres, mas ainda são. Isso não deveria ser tolerado, mas ainda é...
Outras formas de cuidado às crianças precisam ser desenvolvidas.
... O atendimento de crianças em instituições deve ser
visto como parte de uma gama de serviços que podem ser oferecidos a crianças e
adolescentes em circunstâncias excepcionais. Ele não pode ser um fim em si, mas
um recurso a ser utilizado quando necessário... Quando o atendimento fora da
família é inevitável, medidas devem ser tomadas para assegurar que ele seja o mais
adequado possível às necessidades da criança ou do adolescente, levando
inclusive em consideração sua opinião e seus desejos.
... Por onde começar?
Uso da pesquisa
e da experiência acumulada para subsidiar a ação. É importante não subestimar o
que já se sabe e levar em consideração toda a experiência acumulada
historicamente no país, para decidir como enfrentar o problema, e utilizar as
informações disponíveis, assim como as reflexões e análises por parte de
inúmeros profissionais que conhecem o problema.
Participação
na busca de soluções. “Outra questão é o estabelecimento de processos
participativos na identificação e gestão de questões que preocupam determinados
grupos e localidades.”
Trecho da palestra
“Abordagem crítica da institucionalização infanto-juvenil mo Brasil”
Irene Rizzini (I Reunião
Temática do Fórum Nacional de Saúde Mental Infanto-Juvenil/ 2004)
SOBRE AS FAMÍLIAS DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABRIGADOS
...”No universo estudado, a mãe permanece como referência
central na manutenção dos vínculos com os filhos. A mãe, quando está só com
seus filhos e com dificuldades para oferecer-lhes cuidado e proteção – na
maioria das vezes em razão da restrita ou ausente oferta de serviços públicos
de proteção social – demanda ajuda da rede familiar. Avós e tias fazem parte da
rede feminina de apoio. Esta integra os múltiplos recursos informais de que uma
mãe tenta se valer para responder aos diferentes problemas que afetam a vida
familiar... Na religiosidade está contida importante dimensão da rede social
que integra o sistema de múltiplos apoios a que a família recorre para fazer
frente aos desafios impostos ao seu cotidiano... Os homens tendem a não
participar ativamente dos cuidados e da proteção das crianças. A não
responsabilização paterna ocorre, muitas vezes, desde o momento da gravidez da
mulher... Observa-se por outro lado, que os homens, embora ausentes, tem uma
força simbólica nas histórias familiares”
“... As
trajetórias das famílias de crianças e adolescentes abrigados são marcadas por
migrações e/ou deslocamentos na própria cidade, ou seja, não raro vivenciam
rupturas e desenraizamento familiar e social. Os rompimentos relacionais, as
perdas concretas domésticas e espaciais – ao longo do percurso familiar –
aparecem associadas à ausência de trabalhos ou de empregos estáveis. Nessa
condição, as mulheres podem assumir sozinhas, a chefia da família em algum
momento do percurso da vida. Na tentativa de superar a fragilidade, as
mulheres, principalmente, transitam de uma casa para outra, por exemplo, para a
de um parente ou um novo parceiro. Isso dificulta a vinculação com os diversos
componentes territoriais necessários a uma vida digna que, respeite e garanta o
direito ao cuidado e proteção à criança e ao adolescente.”
“...” As
mudanças e rupturas nos laços e redes familiares, todavia, não excluem as
representações em torno do “sentimento de família”. A família tem centralidade na vida dos
sujeitos, mas não é percebida como um núcleo que se caracteriza por forte
coesão ou por definições estreitas de suas fronteiras. Há um movimento de
“fazer e desfazer” o mapa de relações sociais e afetivas dessas famílias.”
“... A
volta para casa, de crianças e adolescentes, pode ser mais desejada do que
conseguida, pois este processo não ocorre de forma fácil...”
“... A
relação com os abrigos se inscreve em um campo de tensão. Os sujeitos
familiares atribuem conotações positivas e, ao mesmo tempo, negativas para a
situação de abrigamento.”
“... É
essencial ouvir, ver e qualificar as crianças, os adolescentes e seus
familiares. Nessa direção, finalizamos essas breves ponderações lembrando a
fala de um jovem, pai de uma criança, morador da periferia de São Paulo, que,
sem acesso ao trabalho formal, sem qualquer perspectiva de transformação dessa condição
em direção ao acesso a direitos sociais, vivendo cotidianamente no limite da
entrada na criminalidade, fala a um sujeito que vive do “lado oposto do seu
mundo”: “Olha para mim! Você está me vendo?! Você está me vendo
, playboy?!”“.
Trechos do Livro
Famílias de crianças e
adolescentes abrigados: quem são como vivem o que pensam o que desejam/Eunice
Terezinha Fávero, Maria Amália Vitale, Myriam Veras Baptista (org.)- São Paulo:
Paulus, 2008.
SOBRE AS CRIANÇAS E
ADOLESCENTES ABRIGADOS
Até que ponto a institucionalização pode ser benéfica
para as crianças e quando deixa de sê-lo?
“Nas instituições abertas, como a família, a escola, a
igreja, a institucionalização é sempre benéfica e desejável, pois ajuda a
criança a distinguir os papéis e as funções de cada membro da família, e com
isso afirmar sua própria identidade, ajuda a adquirir noção de valores e a
desenvolver uma sociabilidade marcada pelo respeito à individualidade de cada
um. A instituição fechada, ainda que assegure à criança abrigo, proteção e
alimentação, divide os papéis apenas entre crianças e funcionários; divide as
funções apenas entre quem deve obedecer e quem deve ser obedecido, e as
identidades são construídas em universos exclusivamente femininos ou
masculinos. Essas limitações na institucionalização proporcionada pelo abrigo
geram distorções no desenvolvimento psíquico, na sociabilidade e na sexualidade
da criança, agravadas quanto mais se prolonga o tempo de abrigamento. (Roberto
da Silva)
Trecho do livro: 101
perguntas e respostas sobre abandono e institucionalização. Organização Cecif,
São Paulo: 2002
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